CUIDADOS COM O BEBÊ

CUIDADOS COM O RECÉM-NASCIDO

 

        Ao nascer, um potrinho parece meio tonto e desengonçado. De início, apresenta alguma dificuldade para se levantar; mas logo consegue por-se de pé e sai à procura de sua mãe, para mamar. Os filhotes da tartaruga quebram sozinhos a casca do ovo e caminham na direção do mar, como se já nascessem sabendo do rumo a tomar para sobreviver. Outros animais, como os filhotes das aves, precisam ficar um tempo no ninho, recebendo comida no bico até que percam as penugens, ganhem penas e fortaleçam as asas para poder voar. Assim, conforme a espécie, há filhotes que nascem mais independentes e outros que nascem mais dependentes dos cuidados dos pais.
        Na espécie humana, o filhote é bastante dependente de cuidados ao nascer. Esta fragilidade e baixa capacidade de orientação nos primeiros meses de sua existência faz com que a mãe, o pai ou outras pessoas que com ele convivem tenham que dedicar-lhe atenção especial, sem o que sua vida certamente correria perigo.
        Metade das mortes que ocorrem no primeiro ano de vida dos bebês acontece no primeiro mês, o maior número delas nos dez primeiros dias de vida. Isto evidencia a importância das primeiras semanas como fundamentais para determinar as chances de sobrevivência de uma criança. Garantir os cuidados com a alimentação, o abrigo, a higiene e a prevenção de doenças, ao lado do conforto e do carinho, com certeza ajudam muito a evitar tantas perdas!
        Este texto vai abordar os cuidados básicos que devem ser dispensados aos bebês recém-nascidos sem anormalidades e que apresentam boa saúde.

 

          Os bebês não se defendem sozinhos

        Os cuidados que devem ser adotados com os recém-nascidos - crianças de até 28 dias de vida - são muito simples, porém importantes. A fragilidade do bebê, sobretudo nas primeiras semanas de vida, decorre do fato de que a criança não nasce pronta. Seus olhos ainda não são capazes de distinguir todas as imagens e cores do mundo. Seu sistema de defesa contra infecções e sua capacidade de controlar a temperatura corporal, por exemplo, não estão ainda completamente desenvolvidos. O mesmo ocorre com seu sistema pulmonar. Por isso, ele precisa ser protegido dos ambientes contaminados, das mudanças climáticas bruscas e dos lugares perigosos, já que não pode se defender sozinho.
        Apesar de, ao nascer, a criança não estar pronta para a vida num ambiente desconhecido, ela aprende muito rapidamente o que precisa para viver. Desde as primeiras semanas, já está aprendendo sobre o mundo que a circunda e já distingue as sensações agradáveis e desagradáveis. Mas se isto lhe permite o aprendizado de coisas importantes para sua vida, também a deixa muito vulnerável às influências do ambiente. Assim, pode facilmente ficar exposta às infecções ou à desnutrição, se as condições em que vive não forem boas. É necessário, então, conhecer o que acontece com os bebês em seu primeiro mês de vida, para que se saiba quais os principais cuidados a tomar para que vivam bem.

 

          A rotina do bebê

        Ao nascer, a criança deixa um ambiente confortável e protegido - a barriga da mãe - e entra bruscamente num outro ambiente, no qual as condições para viver têm que ser buscadas por esforço próprio: o ar tem que ser respirado, o alimento tem de ser obtido fora de seu corpo. Além disso, a temperatura e a claridade variam sem parar, a movimentação de pessoas e coisas em torno é grande e nem sempre o conforto é o melhor possível.

Chorar, dormir, mamar, sujar a fralda, ganhar carinho:
eis a rotina mais comum do bebê sadio e normal

·            O choro

             A criança recém-nascida é obrigada a se movimentar muito e, naturalmente, cansa-se com toda esta agitação. Para comunicar o que sente no novo ambiente, vale-se do choro. O choro é a voz do bebê, sua maneira de falar. Portanto, todo bebê chora: chora porque tem fome ou sono, dor ou desconforto; ou porque está com assadura ou sente-se inquieto.
        Assim, para cada situação, o choro é diferente e pouco a pouco as pessoas que com ele convivem vão aprendendo este seu jeito de expressar-se. E podem agir para acudi-lo no que necessita. Freqüentemente, há um momento em que ele chora mais. Geralmente, no final do dia, quando está mais cansado; e as pessoas da casa, mais agitadas. Por volta do final do primeiro mês, aprende a se divertir e a brincar mais, usando sua energia de formas diferentes - e essa fase da hora do choro tende a desaparecer.
        Quando o bebê chora, a mãe ou o pai podem confortá-lo, pegando-o no colo. Nesta idade, manter um contato corporal com o pai, a mãe, e outras pessoas queridas, poder mamar tranqüilamente e sentir o calor da mãe, acalma, tranqüiliza e permite que a criança vá pouco a pouco se acostumando ao novo ambiente.

·            O sono do bebê

        Na primeira semana de vida, o bebê dorme a maior parte do dia e da noite. É claro que isto pode variar: há bebês que dormem mais que outros e que logo aprendem a dormir a noite inteira. Nesta época, não há hora certa para o sono. Só com o tempo a criança adquiririrá o hábito de dormir um período mais longo durante a noite.
        Há os que têm sono mais inquieto e há os que dormem como um anjo. Há o momento do sono profundo, acompanhado de respiração regular e funda, às vezes interrompida por pequena agitação. Há uma fase de sono irregular - com respiração curta que se alterna com uma respiração calma e profunda. Há movimentos, no sono, em que o corpo se agita inteiro e há momentos em que o bebê parece não respirar. Tudo isso pode acontecer e é normal.
        De qualquer modo, o importante é que a criança possa dormir em paz, nos lugares mais calmos ou menos barulhentos da casa, num berço, carrinho ou cama sem muitos panos ou cobertores em volta, para que não corra o risco de se sufocar. É conveniente que se forre o colchãozinho com um plástico - que deve ser sempre coberto com um lençol -, para que a criança não fique em contato direto com o colchão. É também importante que a mãe ou o pai troque a posição do bebê durante o sono - ora colocando-o de barriga para cima, ora de lado.

·            A alimentação

        Na primeira oportunidade após o parto, a mãe deve dar o peito para a criança começar a mamar. Todas as mães dispõem do leite necessário para alimentar seus filhos. É necessário esclarecer-lhes que durante os primeiros dias os seios secretam um líquido amarelado, chamado colostro, que deve ser dado ao bebê, pois o protegerá de várias infecções. Aos poucos, o colostro desaparece e é substituído por um leite mais esbranquiçado.
        Com relação a mamar, o recém-nascido não tem horário fixo. De início, mama um pouquinho de cada vez, por muitas vezes, tanto de dia como de noite. Depois, vai aprendendo a mamar melhor e mais facilmente, e vai espaçando as mamadas. Até os seis meses de idade, o recém-nascido só precisa de leite materno, não necessitando sequer tomar nem mesmo água ou chá. O leite da mãe é, para ele, um alimento completo, funcionando também como vacina que o protege o bebê contra infecções, sendo perfeitamente adaptado ao seu estômago e necessidades. Além do mais, ao mamar o bebê exercita os músculos do rosto e da boca, o que mais tarde vai ajudá-lo a desenvolver melhor a fala e permitir que seus dentes cresçam de maneira correta.
        Ao terminar a mamada, o bebê pode ser posto em posição vertical, com as costas apoiadas, para que arrote. Nos primeiros dias, muitos bebês têm o costume de regurgitar, isto é, de "devolver" – vomitar - pequena parte do leite que mamaram. Quando começam a sentar ou a ficar mais em pé, no colo, páram de fazê-lo. Caso sinta cólicas após mamar, pode-se fazer massagens em sua barriga, para aliviá-lo.

·            As fezes e a urina

        A primeira evacuação do bebê consiste de um material esverdeado escuro, de consistência pastosa; são restos do que absorveu ainda no útero materno. Posteriormente, suas fezes vão mudando de aspecto e ficando mais amolecidas, com um cheiro mais forte, passando para uma coloração amarelo-alaranjada, característica das crianças que mamam no peito. Com relação à freqüência, o número de vezes que os bebês evacuam diariamente é bastante variável, e a criança amamentada ao seio evacua mais que aquelas que tomam mamadeira.
        Se estiver mamando bem e ganhando peso, poderá, às vezes, apresentar fezes mais moles, o que não significa qualquer problema. A mão deve manter observação sobre esse aspecto e só procurar orientação médica se ocorrer mudança súbita no tipo e freqüência das evacuações. No caso de a criança apresentar diarréia, suas fezes estarão mais líquidas, podendo também conter catarro e sangue. Nessa circunstância, o jeito do bebê se altera: fica abatido, não aceita mamar e pode vomitar. Se isto ocorrer, deve-se procurar rapidamente um serviço de saúde e, sobretudo, não parar de dar de mamar ao bebê - se já está abatido com a diarréia, ficará ainda mais fraco se parar de mamar. Além disso, o leite materno ajuda a combater as infecções.
        O recém-nascido urina bastante: em média, 5 ou 6 vezes por dia. Isto mostra que está mamando e se alimentando bem. Suas fraldas devem ser trocadas toda vez que ele urine ou evacue, e sua pele limpa com cuidado, o que evitará assaduras e irritações, já que prolongado contato da fralda molhada ou suja irrita a pele do bebê. Sua limpeza deve ser feita com água, com ou sem sabonete, cuidando-se, antes de se colocar a fralda limpa, que toda a região esteja bem seca. O uso de talco deve ser evitado, pois pode causar alergias.

·            A higiene

        Deve-se tomar muito cuidado com a higiene das roupas e brinquedos do bebê, bem como com as mãos de quem o cuida. Muitos recém-nascidos são infectados por causa de micróbios escondidos na sujeira das roupas, nos brinquedos ou nas mãos ou embaixo das unhas de quem os ajuda no dia-a-dia. A correta higiene evita doenças e permite que a criança se desenvolva forte e sadia, trazendo conforto para a mãe e a família.
        Com relação ao banho, os recém-nascidos devem pelo banhar-se menos uma vez por dia, com água morna, o que lhes garante a higiene, refresca, relaxa e dá prazer. Quase sempre o bebê chora no início do banho, porque estranha a água, mas depois se diverte e gosta. Nas regiões mais quentes ou em épocas de calor, o bebê pode ser banhado mais de uma vez por dia. Não existe horário certo para o banho, o melhor é que ocorra na parte mais quente do dia.
        O bebê pode tomar banho mesmo que esteja resfriado ou com algum outro problema de saúde. O importante é que a água esteja sempre limpa e com temperatura adequada – o que sempre deve ser verificado, para evitar-lhe queimaduras na pele, que é muito sensível e delicada. Caso a criança esteja com assaduras, pode-se misturar um pouco de maizena na água, o que lhe dará alívio.
        O momento do banho deve ser aproveitado para verificação de qualquer problema no corpo do bebê. É vital que a criança não seja deixada sozinha na banheira ou bacia, pois não sabe nadar e pode se afogar.
        Para maior facilidade, todo o material a ser utilizado deve ficar ao alcance da mão: sabonete, toalha, álcool, fralda e roupinhas. Após o banho, o bebê deve ser completamente enxuto. Assim, terá conforto e estará protegido contra doenças e assaduras.

·               A pele

           Uma região muito importante do corpo do bebê é a pele, já que é muito delicada, fina e lisa, com dobras nos braços, pernas e pescoço. Geralmente, é rosada ou avermelhada e nos primeiros dias apresenta-se revestida por uma camada de substância sebácea, que não deve ser retirada. Uma fina penugem também recobre seu corpo. Por volta dos 15 dias de vida há uma descamação da pele e os pelinhos costumam cair mais ou menos no 8o mês. Tanto a camada sebácea quanto a penugem servem como proteção da criança. O bebê também pode apresentar, ao nascer, manchas avermelhadas ou azuladas no rosto e no corpo, que depois desaparecem naturalmente.

·            O umbigo

        Quando o bebê nasce, a parte que restou do cordão umbilical que o ligava à mãe é esbranquiçada e úmida. Com o passar dos dias, vai ficando escura e seca, até que cai por si só - em geral, esse processo leva cerca de 10 a 15 dias. O umbigo cicatrizado do recém-nascido deve ser muito bem cuidado. Antigamente, as pessoas passavam uma faixa em volta da barriga e enrolavam bem o bebê. Hoje, não mais se faz esse procedimento; basta apenas, após o banho diário, enxugar cuidadosamente o umbigo do bebê e, depois, passar nele um pouco de álcool ou mertiolate, que devem ser de uso exclusivo da criança. Não há nenhuma necessidade de cobrir o umbigo com gaze ou esparadrapo, nem tampouco enfaixar a barriga.
        Se houver qualquer vermelhidão ao redor do umbigo, ou se aparecer uma secreção amarelada, isto é sinal de infecção. Neste caso, deve-se procurar o serviço de saúde o mais rápido possível.

·            O carinho e os brinquedos

        Brincar com o recém-nascido e fazer-lhe carinho é uma das maneiras mais importantes de cuidar dele e fortalecê-lo. Desde que nasce, a criança vai aprender, no convívio com os outros, o que é ser amada, o que é se desenvolver e ser alvo de sentimentos, ter confiança, conforto e segurança. Se for bem tratada, se desde o início a mãe e as pessoas em volta brincam com ela, conversam e tocam-lhe o corpo, desenvolverá mais facilmente suas emoções, inteligência, a confiança em si e nos outros, e se sentirá segura.
        Concluindo: cuidar do recém-nascido é estar atento ao seu choro e sono, à sua alimentação e higiene, à prevenção de doenças e, também, à necessidade de dar-lhe afeto e brincadeiras. Isto porque a rotina das crianças, nessa fase, resume-se praticamente a mamar, dormir e chorar, quando sente algum desconforto. Assim, os cuidados propiciados pelos pais e outros adultos que convivem com o bebê devem estar relacionados a estas atividades básicas.

 

          ATIVIDADES SUGERIDAS

        O coordenador das atividades (professor, agente de saúde ou educador) poderá organizar sessões do vídeo Cuidados com o recém-nascido, do Programa Viva Legal, para gestantes e casais da comunidade.

I - Antes da sessão de vídeo –

Primeira fase:

·                                 Para motivar os presentes, o coordenador solicita que cada um diga dois cuidados que tomaria, caso tivesse um filho recém-nascido, e anota as idéias no quadro.

II - Após a sessão de vídeo –

Segunda fase:

·                                 O coordenador pode retomar, uma a uma, as sugestões apresentadas antes da sessão. Comenta-as rapidamente e as complementa com outras informações trazidas pelo vídeo.

·                                 Pergunta, então, aos presentes, as dúvidas que têm a respeito dos cuidados necessários para um recém-nascido. Levantadas as questões, pode discuti-las uma a uma e, no final, com a ajuda de todos, elaborar uma conclusão.

Terceira fase:

·                                 O coordenador pode, também, propor que o grupo faça uma representação teatral, na qual:

·                                 um boneco, enrolado em um cobertor ou manta, represente o recém-nascido;

·                                 dois dos presentes representem, através de ações, coisas que não devem ser feitas com um bebê. Os demais devem apontar cada ação incorreta, dizendo o porquê;

·                                 dois dos presentes representem os cuidados que devem ser tomados com um bebê recém-nascido. Após cada ação desenvolvida, os outros participantes devem dizer porque aquilo foi feito e porque faz bem ao bebê - por exemplo: representar a alimentação, o banho, as roupas, o choro do bebê, etc.

* Dr.Alberto Olavo Advíncula Reis (USP)

** Dra. Maria Aparecida Andrés Ribeiro (UFMG)

*Fonte:  https://www.fozdoiguacu.pr.gov.br/noticias/link21.htm